Como ficar rico? Resolva problemas!

Em uma discussão sobre trabalho e tecnologia, na mesa de um buteco por ae, pude confirmar algumas opiniões sobre os desenvolvedores de soluções de hoje em dia..

Antes de mais nada, vamos deixar algo bem esclarecido: Qualquer observação aqui, não deve ser tomada como universal. São apenas opiniões pessoais e usando uma passagem, que gosto muito, de Leonardo Boff, justifico:
Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto.

Enfim.. era Assembler, depois Fortran (esse só conheço de nome), COBOL, C, Basic, tio Bill então deu a grande virada no mundo da computação... saindo do mundo a caractere para interface gráfica... (Podem criticar o Windows o quanto quiser, mas que ele foi importante, ah isso foi.. Certamente a esmagadora comunidade nerd, antisocial e extremista conheceu o Linux usando um Windows e o IE ).

Como a computação veio para resolver problemas que até então não existiam e dinheiro se ganha resolvendo problemas, as cifras deram o ar da graça no mundo dos bits....




... nesse estágio o Windows era suprassumo, e outras empresas investiam pesado em SGBD's, hardware, servidores, até mesmo em soluções corporativas. Pegando carona na supremacia do Windows como plataforma, o Visual Basic, abriu um novo mercado: o das IDE's (Integrated Development Environment). A coisa foi ficando grande, quanto mais acesso facilitado ao hardware, mais demanda de software. Surgiram novas plataformas, novos ambientes de desenvolvimento, linguagens...

Até aqui tudo ótimo. Quanto mais diversidade, melhor. É possível escolher aquilo que mais se aproxima da real necessidade de uma corporação ou um simples usuário doméstico.

Ahaaa, pegadinha do malandro!

O que se percebe porém, no ambiente acadêmico e também no mercado são posturas bastante dissoantes do que de fato o mercado precisa. Um problema que se inicia  na academia (não é a toa que empresas instalam núcleos de capacitação e formam parcerias com as universidades.. mas enfim). Se escolhe plataforma, linguagem, banco de dados, dá mesma forma que se escolhe religião, time de futebol, partido político. Se torna quase ideologia trabalhar com o Linux (Windows é um mal que deve ser erradicado da humanidade), ou como diz outro "desenvolvedor de solução" - Sou um desenvolvedor Microsoft, só trabalho com tecnologia de ponta, de fácil integração e blá blá blá...

Muita gente perde o foco, de que estão ali para se capacitarem, se tornarem aptos a resolver problemas no âmbito da tecnologia da informação. De que estão nesse ambiente pra ganhar dinheiro.

E ouso afirmar ainda que, uma parcela considerável dos problemas que envolvem o desenvolvimento de sistemas/soluções é devido em grande parte a medíocre capacidade de entender o problema do cliente, da difícil liberdade de se adaptar ao problema, ao ponto de usar uma tecnologia nova, um ambiente diferente. Vivemos em uma cultura baseada no preconceito.

E nessa onda, todos perdem. As empresas consumidoras poderiam ter acesso a soluções mais adequadas, os desenvolvedores poderiam trabalhar com muitos outros projetos. Haveria um estimulo maior às mentes criativas e as boas idéias.

Mas vale salientar o peso que a academia tem diante desse "problema". Existem diferenças profundas entres os cursos voltados para a área da tecnologia, mas alguns docentes parecem ignorar esse fato. Colocam alunos diante das máquinas e exigem a decoreba de algumas linhas de código da linguagem que estiver na moda. Simplesmente abortam a parte de estimulo a criatividade, a análise de problema, causa e efeito e partem para a "resolução" do mesmo.

Duas situações que presenciei enquanto discente podem elucidar melhor essa análise.

O professor chega a sala de aula mostrando as maravilhas da onda Mashup, sem antes nos fazer entender para que aquilo de fato servia e como poderia resolver o problema, sendo de fato útil, nos "estimula" ao desenvolvimento, em nível de codificação de um ambiente como aquele. IBM, Microsoft, Google, todos já tinham ambientes para se trabalhar na onda, e nós iríamos codificar? Tanta coisa mais útil para aprender no sentido de código e nós teríamos que desenvolver mashups ? A relação beneficio x custo foi pro espaço... o.O

Outra situação com o mesmo professor... conversando sobre os projetos de conclusão de curso, um colega expõe que iria desenvolver uma solução com a suite Pentaho em um ambiente hospitalar mas abordando a informações gerenciais da organização. Show de bola. Mais do que um projeto de conclusão ele estaria resolvendo um problema real.

E o professor estupidamente diz que aquilo não é uma boa proposta e critica firmemente a idéia do aluno. Engraçado como alguns acham que se você não for capaz (ou não for autista o suficiente) de desenvolver milhares de linhas de código, você não é apto para trabalhar no mundo da computação.

Um sistema/ solução é bom quando se é funcional. Precisa resolver o problema de forma pontual, sem fírulas, sem enrolação. E para isso é necessário uma visão real do problema de cada cliente.

É preciso estimular a visão de problema, de forma real, pragmática, simples. E apenas em um segundo momento, uma análise de que tecnologia usar, em que linguagem desenvolver. Todos esses ambientes tecnológicos são volúveis e mudam rapidamente. É preciso uma mente aberta a possibilidades e mudanças. Não há outra maneira de se manter no mercado, trabalhando com um nível alto.

UPDATE - 31/07/2010
Como exemplo de empresas que trabalham de maneira simples é a Google e, mais recentemente, a desenvolvedora/mantenedora do projeto Twitter.
Se o serviço não fosse simples, elas teriam tido o mesmo sucesso?
Acho que não.

Fica aqui mais alguns pitacos.. até a próxima pessoal.

Comentários

Gostei muito de seus comentários sobre as observações e críticas sobre assuntos do cotiadiano.
Parabéns pelo blog e continue registrando seu ponto de vista.
@lvi disse…
Obrigada Willyan,

o foco do blog é exatamente esse, abordagens práticas.
Bem vindo ao meu espaço, e volte quando quiser...

Sucesso!
Anonymous disse…
Alvi,

De todo este caminho heterogêneo trilhado até aqui pelo TI, só é certo que continuará sempre heterogeneo. Somos Serviço. E devemos ser ágeis.

Deixa esta frase do Boff sempre em destaque, pra nunca esquecer de não ter receio de opinar.

Até

Marcio de Santana
http://arquitetobi.wordpress.com/
esdras disse…
Parabens pelo texto, gostei muito dessa visao de buscar atender uma necessidade, é um dos caminhos do sucesso, eu queria falar da minha visao que acredito que complementa a ideia.

o mac é mais bonito e em muitos aspectos melhor que windows, o linux tambem é em muitos aspectos superior ao windows. no entanto comparando com windows eles tem uma participaçao bem pequena, isso porque nao se vende mac em casas bahia, e Microlins nao ensina linux (nem Mac). Dai tiramos a liçao: atender uma necessidade e uma demanda é o primeiro passo, mas nao esqueça de que uma estrategia de negocios e de marketing vai fazer toda diferença, entre estar ou nao no podio entre os vencedores.
@lvi disse…
Marcio,

é um prazer imenso tê-lo aqui no meu blog.
E certamente não me esquecerei de Boff. Essa passagem dele abre um caminho incrível para a exposição das idéias. Quando tentamos analisar situações partindo da outra pessoa e deixando de lado a coisa em sim, acabamos então, menos preconceituosos e mais tolerantes à idéias diferentes.

Obrigada e volte sempre que quiser!

Até mais!
@lvi disse…
Esdras,

muito pertinente esse seu comentário. Eu estava conversando com um colega outro dia sobre a adoção do Pentaho como suite de Business Intelligence e passamos a comparar a suite com outras, também open source. SpagoBI trás uma abordagem de BPM muito interessante, o Talend em certos contextos se apresenta melhor do que o Pentaho Data Integration e o Jasper é certamente o que mais se aproxima da proposta Pentaho, enquanto uma idéia de suite como BI operacional.

A proposta da Pentaho, enquanto empresa é muito mais ousada. Eles estão investindo pesado em marketing, em apelo visual, em fortalecimento da comunidade, no raio de ação da suite. Percebemos isso claramente, com a parceira entre Pentaho e Hadoop.

Entra então um análise que vai além de técnica, mas de como os players se posicionam no mercado, e do que eles são capazes de oferecem além de ferramenta.

Obrigada pela visita e comentários.
Volte sempre que quiser!
Horacio disse…
Alvi,

Acho bem interessante esta visão pragmática.

Penso que "resolver problemas" é, de fato, o que deve interessar quem está envolvido com a Tecnologia da Informação - aliás, qualquer tecnologia.

Valeu o post! Abraço forte,

Horacio
rsobsb disse…
Alvi, mudou pro blogger definitivamente foi?

Olhei com ar de saudosismo seu post, por uma saudade do Fortran, desde o tempo do Onça rs
Adorei suas abordagens, realmente é preciso sempre ter uma mente aberta... veja meu caso como exemplo: sempre fui apaixonado por fortran, mas não conseguiria fazer nem metade do que necessito com ele... se não estivesse aberto a novas possibilidades estaria estagnado e fadado a viver no passado!
O ambiente multidisciplinar que a ti se tornou, não permite focarmos em preferências pessoais; temos sim é que prestar atenção no que a demanda exige e qual a melhor alternativa para a resolução dos problemas!

Grande abraço!

Rafael Sá Oliveira
http://rsobsb.wordpress.com
http://twitter.com/rsobsb
Anônimo disse…
Alvi.

Não sei se estou certo na minha colocação mais. Vamos lá.

Situações como a que você situou foram comuns durante minha graduação também.
Depois de assistir alguns videos sobre por onde começar projetos, ídeias, tarefas? Cheguei a seguinte conclusão fazendo minhas suas palavras, devemos desenvolver focados no problema de nosso cliente e não viajar na maionese. Não criar algo gigantesco para um problema minusculo e para isso devemos estar abertos a ouvir as mais váriadas opniões. Temos que investigar, buscar, descobrir antes de tomarmos qualquer decisão.

Alguns post muito interessantes:
http://www.becklog.org/2010/07/21/o-alicerce-de-uma-ideia/

http://www.becklog.org/2010/09/30/por-que-geralmente-ficamos-com-a-primeira-ideia/

Espero que tenha contribuido com algo.

Flavio Horita
http://stillit.com.br/flaviohorita

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